segunda-feira, 21 de novembro de 2011

CONTOS AFRICANOS PARTE 2 - ESTUDADOS NO 6º ANO





CORAÇÃO-SOZINHO
O Leão e a Leoa tiveram três filhos; um deu a si próprio o nome de Coração-Sozinho, o outro escolheu o de Coração-com-a-Mãe e o terceiro o de Coração-com-o-Pai.
Coração-Sozinho encontrou um porco e apanhou-o, mas não havia quem o ajudasse  porque o seu nome era Coração-Sozinho.
Coração-com-a-Mãe encontrou um porco, apanhou-o e sua mãe veio logo para o ajudar
a matar o animal. Comeram-no ambos.
Coração-com-o-Pai apanhou também um porco. O pai veio logo para o ajudar. Mataram o porco e comeram-no os dois. Coração-Sozinho encontrou outro porco, apanhou-o mas não o conseguia matar. Ninguém foi em seu auxílio. Coração-Sozinho continuou nas suas caçadas, sem ajuda de ninguém. Começou a emagrecer, a emagrecer, até que um dia morreu. Os outros continuaram cheios de saúde por não terem um coração sozinho.
Contos Moçambicanos: INLD, 1979 http://www.terravista.pt/Bilene/1494/leao.html


 

O FIM DA AMIZADE ENTRE O CORVO E O COELHO

O Corvo era muito amigo do Coelho. Combinaram, um dia, que cada um deles
transportasse o companheiro às costas, indo de povoação em povoação, para dar a conhecer às pessoas a amizade que os unia.
O Corvo começou a carregar o Coelho. Andou com ele às costas pelas aldeias e a gente, quando o via, perguntava-lhe:
__ Ó Corvo, que trazes tu aí?
__ Trago um amigo meu que acaba de chegar de Namandicha.
Passou assim com ele por muitas terras.
Chegou depois a vez de ser o Coelho a carregar com o Corvo. Ao passar por uma aldeia, os moradores perguntaram-lhe:
__ Ó Coelho, que trazes tu às costas?
__ Ora, ora, trago penas, penugem e um grande bico __ respondeu, a troçar, o Coelho.
O Corvo não gostou que o companheiro o gozasse daquela maneira, saltou logo para o chão e deixaram de ser amigos.

Contos Moçambicanos: INLD, 1979 http://www.terravista.pt/Bilene/1494/corvo.html






O GATO E O RATO
O Gato e o Rato tornaram-se amigos. Um dia combinaram fazer uma viagem a uma terra distante. Pelo caminho tinham de atravessar um rio.
__ Por onde passaremos? __ perguntou o Gato. __ O rio leva muita água.
O Rato respondeu:
__ Não faz mal. Fazemos um barco.
O Gato concordou e logo ali os dois colheram uma grande raiz de mandioca e fizeram um barco com ela. Meteram o barco na água, entraram para ele e começaram a atravessar o rio.
Pelo caminho começaram a ter fome e repararam que não tinham levado comida.
O Gato perguntou então:
__ O que é que nós havemos de comer?
__ Não te preocupes, amigo Gato, porque podemos comer o nosso próprio barco.
E os dois começaram a comer o barco. O Gato pouco comeu porque a mandioca não lhe sabia bem, mas o Rato comeu, comeu, comeu até que acabou por furar o barco, que foi ao fundo.
O Gato e o Rato tiveram que nadar até à margem, mas, enquanto o Rato nadava bem e depressa, o Gato que mal sabia nadar, só com muita dificuldade e muito envergonhado é que conseguiu chegar a terra.
O Gato olhou então para o Rato e viu que ele estava com a barriga bem cheia por causa da mandioca, enquanto ele continuava cheio de fome. Por isso lembrou-se de comer o Rato.
__ Sinto muita fome, Rato. Vou ter de te comer.
__ Está bem __ disse o Rato espertalhão __ mas olha que eu estou muito sujo. É melhor ir primeiro lavar-me. Espera aí.
O Rato afastou-se e desapareceu. O Gato ainda hoje está à espera.

Contos Moçambicanos: INLD, 1979 http://www.terravista.pt/Bilene/1494/gato1.html



PORQUE É QUE OS CÃES SE CHEIRAM UNS AOS OUTROS

Há muito tempo, quando os cães ainda não tinham sido domesticados pelo homem,
viviam organizados em dois países. Cada país tinha um chefe e cada chefe gabava-se de ser mais poderoso que o outro. Um desses chefes quis um dia casar com a irmã do
outro. Mas, como eles estavam sempre zangados, o outro respondeu:
__ Não. Não quero que sejas o marido da minha irmã.
O chefe que queria casar ficou furioso, porque gostava muito da irmã do outro chefe.
Por isso mandou um dos seus servidores à terra do outro para lhe dizer:
__ Se me recusas a tua irmã eu vou aí com o meu exército e destruo tudo.
Quando o servidor se preparava para partir, os conselheiros do chefe viram que ele estava todo sujo. Não tinha lavado a cara e tinha a cauda muito suja.
Ora era costume naqueles países uma pessoa ir limpa e bem apresentada quando ia à terra dos pais da noiva pedir-lhes a filha em casamento. Por isso perguntaram-lhe:
__ Como se compreende que não te tenhas lavado?
Ele ficou muito envergonhado e os conselheiros encarregaram outros servidores de o lavarem muito bem e de lhe deitarem perfume na cauda para que ele cheirasse bem.
Quando o mensageiro ia pelo caminho, sentia-se muito vaidoso por ir tão limpo e com a cauda perfumada. Por isso esqueceu-se do que ia fazer. Começou a procurar uma esposa para ele próprio e desapareceu sem cumprir a sua tarefa até hoje.
É por isso que, desde essa altura, os cães andam todos sempre muito ocupados a cheirar a cauda uns dos outros para ver se encontram o mensageiro que desapareceu.

Contos Moçambicanos: INLD, 1979 http://www.terravista.pt/Bilene/1494/caes.html


O PORCO E O MILHAFRE
O Porco e o Milhafre eram dois inseparáveis amigos. O porco invejava as asas do Milhafre e insistia continuamente com o amigo para que lhe arranjasse umas iguais para voar também.
O Milhafre dispôs-se a fázer-lhe a vontade.         Conseguiu arranjar penas de outra ave e, com cera, colou-as nos ombros e nas pernas do seu amigo Porco. Este ficou radiante e começou a voar ao lado do seu amigo Milhafre.
Quis acompanhá-lo até às grandes alturas, mas a cera começou a derreter-se com o calor e as penas foram caindo uma a uma. À medida que as penas se despegavam ia o porco descendo, contrariado. Quando as penas acabaram de se soltar, o porco caiu e bateu no chão com o focinho. E com tanta força bateu, que este, ficou achatado.
Zangou-se o Porco com o Milhafre dizendo que tinha querido matá-lo, porque grudara mal as asas.
Desde essa ocasião deixou de ser amigo do Milhafre e, quando o vê pairar no alto, dá um grunhido e olha para ele desconfiado. E aqui está a razão porque o Porco tem o focinho achatado e nunca mais quis voar.
  Contos tradicionais africanos. http://www.uarte.mct.pt


A CRIAÇÃO DO MUNDO

No princípio, o Deus único criou o Sol e a Lua, que tinha a forma de cântaros, a sua primeira invenção. O Sol é branco e quente, rodeado por oito anéis de cobre vermelho, e a Lua, de forma idêntica tem anéis de cobre branco. As estrelas nasceram de pedras que Deus atirou para o espaço. Para criar a Terra, Deus espremeu um pedaço de barro e, tal como fizera com as estrelas, arremessou-o para o espaço, onde ele se achatou, com o Norte no topo e o restante espalhado em diferentes regiões, à semelhança do corpo humano quando está deitado de cara para cima.
Mito africano de origem Dogon reveladas por um velho cego, Ogotemmêli, escolhido pela tribo para contar aos seus amigos europeus os segredos da mitologia dos Dogons, relatado por Parrinder em África.

 

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